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22/08/2012  - “Pai, você matou a mãe?”
 
Paraná-On Line

Marcelo Jorge Ramos confessou depois, na delegacia, que seu temor era os filhos voltarem da escola, encontrarem o corpo da mãe no quarto e perguntarem:

“Pai, você matou a mãe?”.

Ele disse que precisava de solução urgente. E a solução foi torrar a mãe de seus filhos na churrasqueira. Ele não cogitou se os filhos poderiam se assustar com a mãe assada. E que aquilo não ficaria em segredo. Como não ficou. Os vizinhos sentiram o forte cheiro de carne assada e avisaram a polícia. Enquanto isso, Marcelo foi buscar os filhos na escola e os deixou na casa da irmã em São José dos Pinhais, alegando que a mãe tinha saído. O pacato bancário transformou homicídio em caso macabro. Enquanto o pai desviava os filhos da cena do crime, o corpo de Fabiane Berger Ramos ficava irreconhecível na churrasqueira da família. No dia seguinte, os policiais da Delegacia de Homicídios chegaram à casa de Marcelo e encontraram restos mortais da mulher do bancário em brasa na churrasqueira. Familiares da finada ficaram revoltados com o crime e localizaram Marcelo em casa de parentes em São José dos Pinhais, onde ensaiaram uma tentativa de linchamento, que não ocorreu por conta do delegado Carlos Eduardo Milano, que chegou antes e levou o bancário preso. O delegado disse à época que já tinha visto muita barbarie na vida:

“Mas colocar a esposa na churrasqueira é a primeira vez”.

Na quarta-feira à noite Marcelo Ramos foi apresentado à imprensa. Ele estava com advogado e contou a sua versão do crime. E negou acusações dos familiares de sua mulher e de vizinhos de ser usuário de drogas e ter uma amante, motivo adicional para os desentendimentos com Fabiane. Ele disse:

“Estou arrependido de ter deixado a situação chegar ao ponto em que chegou. Eu sou normal, não sou assassino, não sou maníaco”.

Enquanto tratava de pintar um quadro que sustentasse a alegação de “legitima defesa”, usou tons fortes para definir o perfil da mulher morta e queimada. Era violenta, teria brigado com a vizinha de quem tirou pedaço da orelha – entrevero que a levou a querer mudar de bairro e desejar a venda da casa. No outro extremo, familiares de Fabiane pintavam um quadro com tonalidades opostas às descritas pelo bancário. Severina Berger, 41 anos, irmã da finada, disse que Marcelo era chegado nas drogas. E que a finada registrou queixa contra o marido no 11º Distrito Policial por agressão.

E mais:

“Quando as crianças eram pequenas, ela separou-se de Marcelo e foi até a casa de nossa mãe, dizendo que foi espancada”.

E a coisa seria ainda mais feia:

“Ela era tratada como animal pelo marido, que levava a amante pra dormir na casa do casal”.

Os vizinhos disseram que Fabiane era dedicada ao marido e aos filhos. Uma guerra de versões.

“Como uma batata frita”

O crime teve repercussão nacional. Foi notícia nas principais revistas e jornais do país e até no exterior. O Irish Independent de Belfast deu notícia sobre o episódio, da seguinte forma:

“Um funcionário de um banco brasileiro, depois de bater e matar a sua esposa com um martelo, durante uma briga, queimou o corpo na churrasqueira da família, atiçando as chamas com álcool, carvão e um pneu velho. As autoridades brasileiras disseram que Marcelo Jorge Ramos (34) queimou sua esposa Fabiane Berger em sua casa em Curitiba, no sul do Brasil, como fosse uma batata frita”.

A revista Época em um artigo classificou o bancário de “O carrasco paranaense”. E o caso foi eternizado na Wikipédia – enciclopédia livre da internet. A abertura de uma reportagem publicada na revista Uma sobre o crime é considerada um dos 20 exemplos de lead (início de uma notícia em revista ou jornal):

“Para os clientes do banco, o caixa Marcelo era muito atencioso. Tinha um bom emprego e estava bem de vida. Segundo quase todo mundo que o conhecia, o paranaense Marcelo Jorge Ramos, 34 anos, era um sujeito sério, bom filho, marido fiel, excelente pai. E, graças a esse perfil, ganhou apenas um peteleco do Tribunal do Júri de Curitiba por matar a mulher a marteladas, na manhã do dia 13 de setembro de 1999, e depois queimar o cadáver numa churrasqueira”.

O “peteleco”, na realidade, foi uma condenação considerada branda para o crime. No dia 26 de abril de 2001, Marcelo pegou oito anos de pena privativa de liberdade em regime semiaberto de reclusão (Colônia Penal Agrícola). O ex-bancário foi denunciado por violação dos artigos 121 (homicídio), paragráfo 2 (crime qualificado), incisos II (motivo futil) e III (meio cruel), e artigo 211, observada a regra do artigo 69, do Código Penal. No dia 21 de fevereiro de 2006, foi decretada a extinção da punibilidade. Em sua página no Facebook foi encontrada esta frase:

“A vida é muito curta para acordar com arrependimentos”.

Só maníacos e anormais não se arrependem, Marcelo!

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