::Confraria do Júri::

 
 

 

      

Enquete

Você é a favor da ampliação da competência do Tribunal do Júri para outros crimes seguidos de morte?
 
Sim, para qualquer crime doloso seguido de morte.
Sim, com exceção do estupro seguido de morte.
Não. A competência do Tribunal do Júri deve permanecer a mesma.
Não tenho opinião formada.

 
Ver resultados
 
  
  
     Notícias
 
22/04/2020  - EUA: 20 Veredictos do júri têm de ser unânimes, diz Suprema Corte
 
João Ozorio de Melo - Conjur

A Suprema Corte dos EUA decidiu, na segunda-feira (20/4), que veredictos do júri têm de ser unânimes — e não por maioria — nos casos de crimes sérios. Isso é um requisito do direito constitucional do réu a um julgamento imparcial, diz a decisão. Se o júri for indeciso, o julgamento será anulado. E um novo julgamento será marcado, com jurados diferentes.

A decisão, no que se refere a veredictos unânimes, afeta apenas dois dos 50 estados americanos: Louisiana e Oregon. Nos demais 48 estados e na justiça federal já é assim. O mais importante da decisão de seis votos a três é a de que ela reverteu um costume da Suprema Corte de não rever seus próprios precedentes.

A decisão indicou que, a partir de agora, a corte, com maioria conservadora, poderá reverter outras decisões do passado, o que agradaria muito os conservadores-republicanos do país. A corte abriu caminho para reverter, por exemplo, as decisões que legalizaram o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e outras relacionadas a liberdades religiosas e ao direito ao voto.

Curiosamente, três ministros liberais se aliaram a três ministros conservadores para formar a maioria nessa decisão. E uma ministra liberal se somou a dois ministros conservadores no voto dissidente. Os ministros dissidentes defenderam, entre outras coisas, a adesão da corte a seus próprios precedentes.

No voto da maioria, que mudou um precedente de 1972, o ministro Neil Gorsuch escreveu: "Todo juiz deve aprender a viver com o fato de que ele ou ela pode cometer erros. Mas é uma coisa completamente diferente perpetuar um erro, apenas porque tememos as consequências de fazer a coisa certa."

Para mostrar que a decisão de 1972 foi errada, Gorsuch descreveu a história por trás das leis nos dois estados. Em Louisiana, a regra de que o veredicto do júri poderia ser por maioria — e não por unanimidade — foi inscrita na Constituição estadual em 1898, depois que a Suprema Corte decidiu que as minorias raciais não poderiam ser barradas do júri.

A nova regra fez parte de um pacote de emendas constitucionais que tornaram mais difíceis para os cidadãos negros votarem e participar, de alguma forma, da governança do estado. Especificamente, a provisão sobre o veredicto não unânime passou a garantir que a participação de uma ou duas pessoas de cor no júri não tivesse qualquer significado, porque a maioria branca de jurados poderia garantir um veredicto por 10 a 2, escreveu Gorsuch.

Esse foi o caso do atual processo perante a Suprema Corte. Em 2014, Evangelisto Ramos foi condenado por um júri de 12 membros por 10 a 2, por um suposto crime de homicídio. Ele foi sentenciado à prisão perpétua, sem direito à liberdade condicional. Agora, ele terá direito a novo julgamento.

Em Oregon, as raízes da lei que criou o veredicto do júri por maioria, em vez de por unanimidade, também podem ser rastreadas aos tempos de grandes conflitos raciais, em que a Ku Klux Klan tinha muita influência. Com essa lei, os racistas diluíram a influência de minorias raciais, étnicas e religiosas nos júris do estado, escreveu o ministro.

Em Louisiana, a decisão da Suprema Corte vai anular cerca de 100 condenações, que ainda estão em grau de recurso. A corte ainda vai decidir se sua decisão é retroativa ou não. Se for retroativa, pelo menos 1.700 prisioneiros no estado terão direito a novo julgamento – desta vez com direito a veredicto por decisão unânime do júri.

Voltar


comente/critique essa matéria

 

 Confraria do Júri - Rua 6, s/nº, CPA - Cuiabá/MT