Ana Luíza Anache - MPMT 
 
A 2ª Promotoria de Justiça Criminal de  
Lucas do Rio Verde (a 354km de Cuiabá)  
ofereceu denúncia contra Cláudio Valadares  
dos Santos por feminicídio qualificado  
praticado contra a companheira Indiana  
Geraldo Tardett. Também foram denunciados  
pelo homicídio Márcio Andrade dos Santos e  
Jucilene Batista Rodrigues, executores do  
crime sob encomenda do marido da vítima.  
Os três responderão ainda por fraude  
processual, em razão de terem alterado a  
cena do crime para indicar que fosse  
suicídio. 
 
Cláudio e Indiana mantinham união estável  
desde 2016 e eram sócios em uma empresa no  
ramo de manutenção de aeronaves, em que  
ela era responsável pela parte  
financeira/gerencial e ele pela parte  
operacional. Nos dias que antecederam os  
crimes, o casal, que já tinha um  
relacionamento conturbado e marcado por  
relacionamentos extraconjugais, iniciou  
processo de separação. Por considerar-se o  
único proprietário da empresa regida por  
ambos e único detentor de todos os  
direitos concernentes ao negócio, Cláudio  
queria se livrar a qualquer custo de sua  
companheira e, consequentemente, da  
própria divisão patrimonial equânime. 
 
Assim, ele entrou em contato com o  
sacerdote de candomblé Márcio,  
popularmente conhecido como “Pai Baiano”,  
que conhecia o casal havia alguns anos e  
prestava auxílio espiritual a eles, e  
confidenciou que o relacionamento estava  
insustentável, e que não só era preciso  
“desamarrar a relação”, mas sim “colocar  
Indiana no caldeirão do satanás”. Márcio  
pediu auxílio a Jucilene, que também  
trabalhava com rituais de candomblé, para  
executar o crime. Eles foram até a casa da  
vítima entre os dias 30 e 31 de maio deste  
ano, com o pretexto de que a ajudariam a  
reatar o relacionamento. 
 
“Já no interior do imóvel, os denunciados  
Márcio e Jucilene, visando ocultar o  
propósito homicida, iniciaram a  
dissimulação de um ritual, orientando que  
a vítima permanecesse de joelhos, em cima  
de um lençol branco, em um dos quartos da  
residência, enquanto os dois iniciavam,  
fraudulentamente, o processo  
ritualístico”, narra a denúncia. Márcio  
então desferiu o primeiro golpe na cabeça  
da vítima, com um facão artesanal de  
aproximadamente 1,1 kg, deixando-a  
desacordada para depois golpear a lateral  
direita do pescoço e próximo ao punho  
direito, “extravasando intensa crueldade”. 
 
“Em seguida, visando impossibilitar a  
correta aplicação da lei, notadamente para  
em um primeiro momento ludibriar os  
peritos criminais e, consequentemente, o  
juiz criminal competente para análise do  
caso, os denunciados Márcio e Jucilene,  
com a ciência do mandante do delito,  
modificaram o lugar do crime, cobrindo a  
vítima com um cobertor branco, além de  
deixar o facão na mão direita da ofendida,  
tentando simular a ocorrência de um  
suicídio para se eximirem de  
responsabilidade criminal, bem como para  
que não fosse descortinada a autoria do  
denunciado Cláudio como sendo – como de  
fato foi – o mandante intelectual do  
crime”, conforme narrado na denúncia. 
 
Os três denunciados estão presos  
provisoriamente.
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